Antes que prossiga: os líderes conservadores devem parar de criticar as novas mídias. Por que digo isso? As redes sociais são, sim, o melhor instrumento que temos para espalhar as Boas Novas e confrontar ideologias perversas que tentam desconstruir a cultura judaico-cristã. Se desprezamos no passado a transmissão televisiva como ferramenta de influência cristã, não podemos fazer o mesmo com as redes sociais.
Mas voltemos ao tema da censura. A ideia de calar vozes que se opõem ao progressismo e silenciar aqueles que discordam do pensamento esquerdista alcançará em breve o Evangelho. Isso está cada vez mais evidente, principalmente com a ideia de que a influência religiosa na política deve ser barrada. Como expôs o ministro Edson Fachin, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), querem um meio de punir o que chamam de “abuso de poder religioso”. Uma tese sem respaldo legal e eivada de preconceito.
Quem é o alvo desta tese falaciosa? Os cristãos, evangélicos e católicos. No entanto, a tese afeta a todos que carregam valores religiosos. Vamos ver: um umbandista decide, por exemplo, opinar em um terreiro sobre a violência contra sua religião, defendendo leis que reforcem sua liberdade de culto e orientando para que seu grupo religioso eleja seus representantes. Isso não seria enquadrado como “abuso de poder de autoridade religiosa”?
Constituição
Desde a primeira Constituição do Brasil, de 1824, a liberdade religiosa já era garantida. Na chamada Constituição Imperial, havia a proibição de perseguição por motivos religiosos, ainda que estabelecesse algumas regras sobre os cultos que não fossem da religião oficial do Estado, já que naquela época o Brasil ainda não era um país laico.
Foi somente com a promulgação da Constituição de 1891 que o Estado passou a ser laico, mas os direitos religiosos continuaram sendo preservados, sendo assegurados em todas as suas versões posteriores. Ao todo, o Brasil já teve sete Constituições, sendo que jamais abriu mão dos direitos de crença e liberdade religiosa.
E, por isso, qualquer tese que viole direitos por motivo de crença vai contra a Constituição. Aliás, tentar excluir a religião do debate público é um ato de preconceito e violação destes direitos. No artigo 5º está previsto que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo que no inciso VI, assegura “o livre exercício dos cultos religiosos garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”.
O inciso VIII garante que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Mas, como disse anteriormente, tem sido reiterado o desrespeito à Constituição Federal. O Supremo, que deveria ser o guardião da Carta Magna, tem usurpado competências, criado teses mirabolantes e ido muito além do que lhe é permitido.
Todavia, o Brasil é signatário desde 1948 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que defende em seu artigo 18 que “toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”.
Portanto, entendo que esse argumento de “abuso de poder religioso” tem um objetivo em si, que é interferir no processo eleitoral, já que os cristãos têm ganhado cada vez mais importância política, enquanto a sociedade se conscientiza dos objetivos torpes da esquerda no país, já que nosso Brasil é de maioria conservadora e cristã.
Reitero que não concordo com militância partidária na Igreja. Não acho correto quando líderes cristãos colocam a imagem da instituição em políticos ou partidos. Mas não creio que instituições religiosas devam ser apolíticas ou deveriam ter seus direitos políticos cassados.
Bíblia
O cristão tem seus valores fundamentados na Bíblia, única regra de fé e prática. Isso significa que não devemos respeitar as autoridades? Ao contrário! A Palavra de Deus traz diversos textos que reforçam a importância de nosso respeito pelas autoridades constituídas. Devemos fazer isso “por causa do Senhor” (1 Pedro 2.13), sabendo que agindo assim estaremos honrando a Deus.
“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.” (Romanos 13.1)
Lembrando sempre que, em relação a laicidade do Estado, foi o próprio Cristo que orientou: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22.21). Isso significa a exclusão da Igreja em um cenário político? Jamais.
Quer dizer que devemos nos conscientizar das nossas responsabilidades com Deus e com as autoridades. É preciso separar bem as coisas.
Recentemente, li a acusação de que a participação de ministros evangélicos no governo seria uma forma de “abuso de poder religioso”. A afirmação é absurda e ultrajante para a democracia. Na infame teoria, um evangélico não poderia participar de um cargo público. Qualquer outro grupo pode ocupar cargos sem este tipo de comentário preconceituoso, mas tratando-se dos evangélicos, tudo é motivo de polêmica.
Cabe aí a pergunta: Quanto tempo para a censura alcançar o Evangelho? Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) decidiu formar um “dossiê” sobre uma suposta “rede de desinformação” formada por líderes evangélicos. Para isso, eles assistiram cultos, pregações, opiniões e até profecias, acusando os pastores de desinformar.
Concluo dizendo, que se esta guerra travada contra o pensamento conservador continuar na direção que segue, logo veremos o Evangelho sendo censurado e criminalizado. Não demorará muito para os líderes religiosos serem punidos por suas falas dentro dos templos. Repudiar toda essa investida contra os direitos e apontar essas injustiças como repugnantes, é o dever da Igreja.
Por Michael Cáceres, Gospel Prime