Segunda-feira, 6 de Maio de 2024
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Opinião: o que a parábola do Rico e Lázaro tem a ensinar para nós nos dias atuais

O Rico e Lázaro

"Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.
Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;
E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.
E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.
E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.
E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.
E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.
Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.
Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite."

Lucas 16.19-31

O Senhor Jesus Cristo, quando se dirigia á multidão ou aos seus discípulos em particular, quando queria transmitir-lhes algo, utilizava as parábolas. 

A parábolas eram as formas mais utilizadas pelo Mestre para fazê-los entender aquilo que Ele queria transmiti-los da melhor forma, com finalidade de facilitar a compreensão de determinado assunto aos seus ouvintes. Isto é, Ele as utilizava para explicar de forma simples assuntos totalmente verdadeiros e complexos. 

Ao falar a Parábola do Rico e Lázaro, Cristo evidenciou várias verdades neste texto sagrado, dentre as quais este colunista destaca alguns: o inferno existe de fato, a avareza e o amor ao dinheiro são prejudiciais ao ser humano,  dinheiro nenhum pode salvar o homem da morte e aqueles que temem a Deus, independente de sua condição social, podem ser salvos mediante Cristo. 

O Rico vivia opulentamente, se vestia de púrpura, ostentando sua riqueza de forma totalmente soberba. Muitos homens hoje em dia vivem como o Rico da parábola: gostam de ostentar suas riquezas, amam a avareza, fazem de tudo para aumentar seus bens  e ainda há aqueles que pertencem á alguma denominação cristã que escandalizam o nome de Deus perante a população geral, se envolvendo em escândalos financeiros, roubando dinheiro dos fiéis ou recebendo propinas, como aconteceu recentemente no Rio de Janeiro, que um determinado líder evangélico foi preso por estar recebendo dinheiro indevido dos cofres públicos, a chamada propina, e de um padre de Goiás, que se utilizava de sua fama para desviar (roubar) dinheiro doado de fiéis para uma determinada entidade. 

Tudo isso é o reflexo do mais genuíno amor ao dinheiro nos tempos atuais. 

Mas a parábola de Jesus também falava de um certo mendigo, chamado Lázaro. Ele vivia na porta do homem rico, atrás de comer das migalhas que caiam da mesa dele. 

Lázaro representa HOJE a população pobre, desassistida, que mendiga por serviços públicos de qualidade, por acesso á educação, á segurança,  á saúde e que clama por melhores condições de vida, mas que é roubado por indivíduos amantes do dinheiro público, ladrões, propineiros, corruptos e obreiros fraudulentos. 

O destino diferente de cada um

"E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado."  O texto sagrado revela que, assim como morre o pobre, morre o rico também. Por mais que tivesse condições de pagar os hospitais mais caros, ou de receber os melhores atendimentos de saúde, o rico morreu. E foi sepultado. 

O problema é após a morte. Independente que muitos creiam ou não, e este escriba se fundamenta no maior livro do mundo, que é a Bíblia,  e acredita piamente nos fatos narrados por ela. Existirá um dia de prestação de contas, onde cada ser humano irá se apresentar diante do Grande Juiz de Toda a Terra, para prestar contas de seus atos. O rico, após a morte, foi para o Hades (inferno) e estava em tormentos. Hebreus 9.27 diz que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o Juízo" - o Rico sabia perfeitamente o que estava acontecendo com ele e porque estava ali. 

Muitas pessoas só ligam em viver uma vida de desregramento desenfreada, amando os prazeres proporcionados pelo dinheiro e se esquecem que um dia irão prestar contas por seus pecados. Os ladrões, corruptos, desviadores de dinheiro público e roubadores de fiéis irão sim prestar contas de seus atos.  É o preço que se paga por idolatrar a Mamom. 

Há salvação para os amantes de dinheiro?

Sim. A Bíblia diz em Eclesiastes 9.4: "Ora, para aquele que está entre os vivos há esperança (porque melhor é o cão vivo do que o leão morto)" e em João 3.16,18-19 está escrito: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más."

Há, portanto, salvação para os amantes de dinheiro, mas isso não anula a responsabilização criminal dos larápios do dinheiro público perante o Estado. 

Jesus disse: 'Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.' (João 14.6)

Não há salvação á revelia de Cristo. Ele é o único caminho.

Portanto, a escolha é sua. 

"Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." (Marcos 16:16).

Wagner Lopes é formado em Administração, é pós-graduando em MBA em Marketing, Empreendedorismo e Finanças, foi professor de Dicção e Oratória na Fundação Ulysses Guimarães e é atualmente colunista do site Tribuna do Acre, onde escreve sobre Política e Teologia .

 

 

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A revelações de Moro e a fábrica de crises do Governo Bolsonaro

As revelações envolvendo a saída do Ministro Sergio Moro do governo Jair Bolsonaro inauguram um momento critico e talvez o inicio de um declínio sem reversão envolvendo o atual governo, e em meio a uma crise de saúde global sem precedentes o presidente se vê diante de uma situação de difícil contorno, com consequências impressíveis a população brasileira.

Eleito com a bandeira de combate a corrupção, Jair Bolsonaro foi considerado por parte da população como um remédio necessário a cura de um mal que assolava o Brasil naquele momento. Em suas declarações, honestamente admitia sua falta de experiencia como gestor público, entretanto, prometia entregar cegamente seus cargos estratégicos a pessoas técnicas, sem indicações políticas a fim de estabelecer novos rumos a nação, abandonando a velha política.

Poucas não foram as vezes que seu jargão “pergunta no posto Ipiranga” foi utilizado para responder alguma questão técnica envolvendo seu futuro governo, e nesse contexto foi eleito, não com a promessa de ser um grande gestor, mas sim de entregar as diretrizes do Brasil a pessoas capacitadas a retirar a nação da crise econômica, politica e moral que se encontrava.

Porém o politico até então desconhecido e falastrão, e como mesmo intitulado por ele, do “baixo clero do Congresso Nacional”, se viu da noite para o dia, sair do anonimato para alvo político central neste pais.

E neste alvo, estão a sua família, especificamente seus filhos, podendo ser considerados o seu calcanhar de Aquiles. Bolsonaro jamais prometeu ser um bom gestor e a população estava disposta a aceitar sua ausência de capacidade política, pois bom ou mal, foi eleito desta forma, sendo quem é. Entretanto, deveria manter sua promessa de combate a corrupção ativa e forte, sendo este valor inquebrável.

Logo no primeiro semestre de 2019 sua promessa começava a ser colocada a prova e ali naquele momento, era empurrada a primeira peça de um efeito domino, que culminaria nos acontecimentos das últimas semanas.

Ao assumir o Ministério da Justiça, Sergio Moro trouxe consigo uma bagagem e experiência dos mecanismos estatais de combate a corrupção, que viu de perto durante os desdobramentos da operação Lava Jato. Dentre estes mecanismos podemos citar especificamente os relatórios emitidos pelo COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão que atua no combate a prevenção e combate a lavagem de dinheiro.

Logo nos primeiros meses de atuação, perante o comando do então Ministro Sergio Moro, o órgão identificou movimentações suspeitas envolvendo o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, sua mulher Michelle Bolsonaro e seu ex assessor Fabrício Queiroz. Tal situação levou o presidente a iniciar uma sequencia de blindagens a sua família, iniciando com a transferência do órgão de inteligencia para o Banco Central do Brasil, fazendo daquele que era uma ferramenta essencial para o combate a corrupção, uma mera serventia administrativa subordinada ao Banco Central e não mais ao Ministério da Justiça.

Aquela era a primeira derrota de uma sequência de muitas outras que o ministro Sergio Moro acumularia ao longos dos próximos meses, pois logo em seguida viu seu pacote anticrime, defendido com tanto afinco, perder prioridade e até mesmo ser deixado de lado pelo governo que foi eleito prometendo acima de tudo o combate à corrupção.

Alguns defendem que tal atitude do presidente Bolsonaro tenha sido proposital, pois vislumbrou em Sergio Moro um potencial adversário politico em um cenário de eleições presidenciais em 2022 e não poderia então dar holofotes a seu ministro e suposto futuro concorrente as suas pretensões.

Afastado das atenções, Sergio Moro permaneceu algum tempo esquecido pelo Governo Bolsonaro, enquanto o foco do presidente agora era direcionado aos demais poderes da República que não se submetiam facilmente aos seus caprichos.

Assim abre caminho para a segunda flecha no calcanhar de Aquiles, seu filho Carlos Bolsonaro, supostamente apontado como articulador de um esquema de disseminação de noticias falsas "fake news" envolvendo os representantes dos demais poderes da republica. Suspeita essa que levou a abertura de inquérito policial presidido pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal - STF, Alexandre de Morais, a fim de investigar os atos praticados e identificar os envolvidos.

Diante de todos esses fatos, o presidente Bolsonaro viu a necessidade de supostamente interferir na atuação da Policia Federal, órgão policial judiciário, incumbido de realizar investigações criminais com total independência. Porém que agora via algo jamais visto na nova democracia, a interferência direta de um chefe da República na condução de investigações criminais.

Bolsonaro, esperava e exigia que o Ministro Sergio Moro, agisse como seu escudo, pois pacientemente e de forma contrariada, já vinha a fazer isso durante todo seu governo, porém agora o contexto era diferente. A condução das investigações estava a comando de outro poder da República, sem a possibilidade de interferência politica do ministro, como fez durante a substituição do superintendente da Policia Federal no Rio de Janeiro.

Ao exigir uma atuação enérgica de Moro em seu favor, Bolsonaro acendeu o holofote que havia apagado, pois confiou que sua posição de chefe de estado subjugaria a experiencia e inteligencia de um jurista que conhece muito bem o pensamento do poder judiciário e os instrumentos de inquisição.

Sergio Moro sabia que a interferência politica de Bolsonaro tinha motivos escuros e viu a oportunidade de uma saída digna e Bolsonaro para a sorte ou azar do povo brasileiro, como bem enfatizado no inicio deste artigo, jamais teve habilidade politica para enfrentar adversários inteligentes e calculistas como aqueles que rodeiam a capital federal.

A estrategia de Moro é nítida ao relevar que deixou para receber os questionamentos do presidente Bolsonaro em reunião ministerial, essa que era gravada em áudio e vídeo, detalhe que sequer foi percebido pelo presidente, mas com toda certeza não foi esquecido pelo ministro. Sua saída e revelações após a troca arbitraria de seu principal comandado, misturou-se com o mar de insatisfação popular que o presidente acumula na condução das politicas publicas de saúde do pais durante esta pandemia.

É impossível de se prever os próximos capítulos, estamos estagnados, trancados em casa sem poder protestar contra as arbitrariedades presidenciais, mas as consequências estão a acumular dia a após dia, a taxa de cambio é a maior da historia do Brasil, a economia não apresentará sinais de melhoras pelos próximos anos e o embate do presidente da republica com os 27 governadores do Brasil, causará consequências impressíveis a nação.

Tudo isso, associado a um escândalo de corrupção pode ser o fim, de um governo eleito com a esperança de mudança, pra melhor.

Certo é que a saída ou manutenção do governo Bolsonaro, poderá causar impactos profundos no Brasil, afinal acabamos de destituir uma presidente da republica, tivemos seu antecessor preso e seu sucesso envolvido com escândalos de corrupção. A imagem de um novo presidente destituído, abalaria ferozmente a confiança na estabilidade politica do Brasil perante agentes externos.

Agora caberá ao futuro dizer qual caminho será escolhido, pois no contexto atual nenhuma previsão é animadora.

João Gabriel da Silva Bezerra
Advogado - Graduado em Direito pela Universidade Federal do Acre

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